-->
Cidade do Cabo, 26 de julho de 2018.
No
meu primeiro termo na África (2009-2011), minha família ( que são todos
suspeitos, diga-se de passagem) costumava dizer que eu tinha ficado mais
bonita, em paz e feliz em terras africanas.
Pois bem, hoje a
boniteza, o brilho no olhar, a alegria, a paz e a calmaria tem sido
visivelmente sentida e percebida no nosso menino.
Desde que chegamos
parece que o Théo chegou em casa, e como se diz em inglês: “He is
settle”.
Depois de 20 dias
que chegamos aqui ele começou a andar. Tem comido melhor, está gostando dos
novos temperos e sabores, do clima, das pessoas...
Já trocou as araras
do Mato Grosso do Sul pelo ganso egípcio, um pássaro lindo que sempre pousa no
jardim do nosso prédio. Sem contar as inúmeras gaivotas que podem ser vistas em
todos os cantos da cidade. E conheceu pequenos esquilos, ah os esquilos! Tem
sido uma festa a cada visita ao jardim.
Ele tem brincado na
terra, cheirado as florzinhas que apanha na grama, feito de galhos pequenas
chaves rosqueando os buracos do banco onde me sento. Suas unhas estão sempre
pretinhas (para desespero de uma mãe que o limpa constantemente) e sua bochecha
se tornou rosada e gordinha.
Com isso, só consigo
pensar na bondade do nosso Deus que, como diz o amor da minha vida, não erra,
não se equivoca e Nele não há sombra de dúvidas.
Decidir fazer a
vontade de Deus é um ato de coragem como aprendemos desde Abraão, que saiu da
sua parentela, confiando na voz que o guiava, nas estrelas que eram a
demonstração visível de uma promessa que parecia irreal.
Confiar cegamente em
Deus, no seu querer e desejo para nós e para a nossa descendência, exige um
bocado de negação, de resiliência e de uma constante lembrança que seus braços
e suas mãos, por mais invisíveis que pareçam, estão sempre lá estendidos para
nos guiar os passos e endireitar o olhar.
O medo de vir para a
África com um bebê de 1 ano e 3 meses tem sido apaziguado em meu coração e no
coração do papai, pela lembrança constante que o nosso Deus é um Deus grandão,
forte, fiel, protetor... que Ele é o Deus do Théo e cuida Dele muito melhor do
que pensamos ou imaginamos.
E aí vai um poema
que representa o nosso menino feliz, que ama bichinhos, as árvores e flores, o
sol e a lua...
O menino e o Rio
(Manoel de Barros)
O corpo do rio
prateia
Quando a lua se abre
Passarinhos do mato
gostam
De mim e de goiaba
Uma rã me benzeu
Com as mãos na água
Com fios de orvalho
Aranhas tecem a
madrugada
Era o menino e os
bichinhos
Era o menino e o sol
O menino e o
rio
Era o menino e as
árvores
Cresci brincando no
chão,
Entre formigas
Meu quintal é maior
Do que o mundo
Por dentro de nossa
casa
passava um rio
inventado.
Tudo que não invento
é falso
