quinta-feira, 21 de julho de 2011

A última imagem de um grande aprendizado...

Pemba, 21 de julho de 2011.

Essa é a nossa última semana como Time Mocimboa da Praia. Nosso termo e comprometimento como Time trabalhando em Mocimboa chegou ao fim...
Mas o que não chegou ao fim é o sentimento de família que tivemos nesses dois anos. Cada membro do nosso Time, composto por 5 diferentes continentes, teve sua parcela importante como membro dessa família, como missionários em Mocimboa, como irmãos compartilhando o pão, as lágrimas, as alegrias, as saudades, as frustrações, as vitórias...

A nossa união, nosso respeito mútuo, nosso sentimento de solidariedade um pelos outros foi coisa rara a ser compartilhada. Não houve um só momento em que a desunião imperou. Não houve problemas a serem resolvidos e coisas a serem tratadas... Deus realmente foi fiel, bom, misericordioso e amoroso em nos proporcionar tamanha afinidade.

Não teríamos sobrevivido sem as piadas e coração de servo do nosso líder Steve, sem o coração sempre aberto a servir e amar da nossa líder Sharon, sem o talento musical do Mark, sem a sabedoria do Patrick, sem as risadas e conselhos da Mama Aby, sem o senso de organização da Jennifer, sem o perfeccionismo da Margaret, sem a criatividade da Bron, sem o senso crítico e sempre pontual do Tim... e ainda, não teríamos sobrevivido sem os sorrisos e todas as alegrias que o Micah, Krista, Josiah, Katie, Aby e James trouxeram para os nossos dias...

Foi uma honra, um privilégio, uma alegria e um aprendizado constante ter compartilhado minha vida e ministério com o Time Mocimboa da Praia. Hoje tenho família e casas sempre abertas para mim em diferentes continentes, e a minha casa, aonde eu estiver nesse mundo, também será a casa deles...
Amo cada um de vcs e louvo a Deus por ter nos unido como família...
Bjos
Ana

Ps: Essa é a nossa última foto como Time, tirada no dia 21 de julho de 2011.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Paz, alegria e esperança: dando tchau pra Mocímboa

Pemba, 18 de julho de 2011.





Sala vazia, quarto vazio, cozinha vazia... A cada palavra minha e da Jen na casa, soava um eco estranho de tristeza e de felicidade... Nas conversas já não sabíamos como nos referir: estamos deixando a “nossa casa” pra voltar pra “nossa casa”...
O chão estava forrado de cestas com presentes: roupas, toalhas, cortinas, utensílios de cozinha, tudo para oferecer as nossos vizinhos. Sem contar os móveis sendo carregados pela rua...

 
Nossas vizinhas e amigas nos ajudaram a limpar a casa antes de entregarmos a chaves: se ajoelharam e lavaram o nosso chão com panos e vassouras, as crianças se juntaram pra tirar as teias de aranha enroscadas no teto, as meninas limpando as nossas janelas...

As crianças choraram e esconderam os rostinhos em suas capulanas, pois é claro, chorar nessa cultura é quase um pecado. A casa se encheu de visitas e pessoas que foram nossa família por 2 anos... E às 7 da manhã Zaína, Zura, Sifa e Sara estavam no portão, esperando pra carregar minhas malas e darmos o nosso último tchau... Uma emoção sem fim... Minha mala está cheia de presentes, de lembranças e o coração cheio de memórias e histórias q marcaram pra sempre minha vida...



Fechar essa etapa, dar um passo a frente rumo ao futuro que se inicia fora da África, dar abraços, beijos, chorar, rir, lembrar de coisas engraçadas, do que melhorou, do que piorou, relembrar dos primeiros dias na terra dos coqueiros e casas de barro, sentindo na boca o gosto dos últimos dias...

Fazer um balanço do que este tempo significou na minha vida pode ser traduzido em três palavras: paz, alegria e esperança.


Paz em saber que eu deixei tudo o que era conhecido rumo ao desconhecido porque a paz que excede todo o entendimento sempre imperou apesar do medo, da ansiedade, do pânico, da distância e das muitas saudades...
Alegria em se descobrir exatamente no centro da vontade de Deus, de amadurecer e sobreviver sem o aconchego de pais amorosos e protetores, e alegria de se sentir em casa, mesmo longe de casa...

E esperança trazida pela certeza de que “Dele, por ele e para Ele são todas as coisas...”. Não algumas coisas, mas todas as coisas. Não algumas áreas do nosso coração e alma, mas todas as áreas, tudo... E não há melhor descanso do que descansar na esperança que a sua graça nos traz.