segunda-feira, 18 de julho de 2011

Paz, alegria e esperança: dando tchau pra Mocímboa

Pemba, 18 de julho de 2011.





Sala vazia, quarto vazio, cozinha vazia... A cada palavra minha e da Jen na casa, soava um eco estranho de tristeza e de felicidade... Nas conversas já não sabíamos como nos referir: estamos deixando a “nossa casa” pra voltar pra “nossa casa”...
O chão estava forrado de cestas com presentes: roupas, toalhas, cortinas, utensílios de cozinha, tudo para oferecer as nossos vizinhos. Sem contar os móveis sendo carregados pela rua...

 
Nossas vizinhas e amigas nos ajudaram a limpar a casa antes de entregarmos a chaves: se ajoelharam e lavaram o nosso chão com panos e vassouras, as crianças se juntaram pra tirar as teias de aranha enroscadas no teto, as meninas limpando as nossas janelas...

As crianças choraram e esconderam os rostinhos em suas capulanas, pois é claro, chorar nessa cultura é quase um pecado. A casa se encheu de visitas e pessoas que foram nossa família por 2 anos... E às 7 da manhã Zaína, Zura, Sifa e Sara estavam no portão, esperando pra carregar minhas malas e darmos o nosso último tchau... Uma emoção sem fim... Minha mala está cheia de presentes, de lembranças e o coração cheio de memórias e histórias q marcaram pra sempre minha vida...



Fechar essa etapa, dar um passo a frente rumo ao futuro que se inicia fora da África, dar abraços, beijos, chorar, rir, lembrar de coisas engraçadas, do que melhorou, do que piorou, relembrar dos primeiros dias na terra dos coqueiros e casas de barro, sentindo na boca o gosto dos últimos dias...

Fazer um balanço do que este tempo significou na minha vida pode ser traduzido em três palavras: paz, alegria e esperança.


Paz em saber que eu deixei tudo o que era conhecido rumo ao desconhecido porque a paz que excede todo o entendimento sempre imperou apesar do medo, da ansiedade, do pânico, da distância e das muitas saudades...
Alegria em se descobrir exatamente no centro da vontade de Deus, de amadurecer e sobreviver sem o aconchego de pais amorosos e protetores, e alegria de se sentir em casa, mesmo longe de casa...

E esperança trazida pela certeza de que “Dele, por ele e para Ele são todas as coisas...”. Não algumas coisas, mas todas as coisas. Não algumas áreas do nosso coração e alma, mas todas as áreas, tudo... E não há melhor descanso do que descansar na esperança que a sua graça nos traz.


Um comentário:

  1. Lindo trabalho.Tenho vontade de ser missionária mas acho que não estou pronta ainda.

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