domingo, 5 de junho de 2011

Um dia no mar

Mocimboa da Praia, 03 de junho de 2011.
 
 
A pesca é parte da cultura mwani, pois a própria palavra mwani quer dizer “mar” ou aquele que vive perto do mar. Assim, ser mwani é ter o mar como fonte de renda, sustento financeiro, alimentício, de lazer... E na tentativa de experimentar e fazer parte de diversos fatores dessa cultura, não podia deixar de ir à pesca.
 
Eram umas 8:30 da manhã do dia 17 de maio quando nos armamos dos utensílios básicos e fomos em direção ao mar: uma bacia, uma panela sem tampa, um cesto de vime e a rede de pesca (feita de “rede de mosquiteiro”).
 
A primeira etapa foi pescar uma espécie de peixes pequenos e camarões minúsculos, que mais pareciam uma massa de peixe para serem usados como isca. Elas foram coletando essa “massa de peixe” e colocando em suas panelas (sustentadas na suas cabeças).
 E eu fui andando na água, esperando o momento certo de me aproximar, segurando a bacia e a cesta de vime, esperando para carregar peixes e mais peixes...
 
Levamos quatro horas entre idas e vindas dentro da água, procurando o melhor lugar e onde havia uma maior quantidade de peixe. Debaixo de um píer, onde havia mais sombra, foi onde conseguimos pegar o maior número. A água por vezes batia em nossa canela, em outras na altura do peito...
 

Minha vizinha não estava ali por divertimento, mas sim por necessidade, pois ela só vai pescar quando realmente não tem dinheiro pra comprar o peixe já pescado.
Mas uma das coisas mais interessantes em tudo isso, foi na hora de dividir os peixes. O senso de igualdade, justiça e generosidade quando se trata de comida é imenso na cultura mwani. Elas dividiram o peixe, contando 3 em 3 pra cada, dividiram um pouco com o guarda que deu a permissão para elas pescarem no píer, e ainda deram um pouco para outra vizinha...  O que restou pra cada uma depois de quatro horas de pesca? Não muito...  e ainda dividiram comigo, não o peixe cru, mas um peixe deliciosamente frito horas mais tarde...
 
Observando a imensidão daquele mar, os barcos à vela a longa distância, todo o cenário da praia + pesca + rede com peixes... foi inevitável não lembrar de Jesus e de seus discípulos....
 
 
Que em nome de Jesus, o povo mwani seja um povo pescador de almas através da proclamação do amor de Jesus, que multiplica pães e peixes, que enche o mar para alimentar o homem... que nos alimenta espiritualmente com sua presença de Mestre e amigo...

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