Mocimboa da Praia, 21 de maio de 2011.
Os dias do ano de 2011 têm sido marcados pra mim com o tema EDUCAÇÃO...
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Desenvolvi com a ajuda de alguns colegas de Time um manual chamado “Vivendo uma Vida Melhor”, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das mulheres moçambicanas, através da informação de temas como a prevenção à violência, saúde, nutrição, educação de filhos, educação escolar... Muitas reuniões e seminários têm sido desenvolvidos usando este material...
Já capacitei mulheres da comunidade, ativistas de um programa de prevenção HIV/SIDA do Hospital, jovens do programa “Desafio Jovens” de Moçambique, e é claro, as mulheres das igrejas de Mocimboa...
Por mais que eu tente expressar a minha alegria e contentamento, e mais que isso, agradecimento, eu não conseguiria.... Sou grata a Deus por usar meus dons, personalidade, paixão e conhecimentos adquiridos no Brasil aqui na África...
Em alguns encontros me vi rodeada de jovens e mulheres discutindo conceitos de gênero, violência, educação e através desses conceitos, descobrindo que é possível sonhar e desejar com uma vida melhor e de melhor qualidade.
Já em outros encontros como o de hoje, onde ensinei mulheres com um menor nível educacional e de idades mais avançadas, a conversa foi outra.... Me dei conta de como é complexo levantar debates sobre casamento, fidelidade, violências diversas, quando estes estão arraigados a costumes e tradições culturais tão diversos da minha.
Fiquei sem chão quando uma das mulheres mais velhas sentadas no meu quintal, disse que eu estava ensinando tudo isso pq era estrangeira e pq não era casada com um homem moçambicano. Minha resposta foi que eu não sabia mesmo, mas que toda mulher deve aprender a conhecer e reconhecer o seu verdadeiro valor seja em que sociedade for.
Que sim, casamentos e relacionamentos inseridos em desrespeito e violências, podem mudar quando uma das partes começa a refletir sobre o problema e buscar soluções para eles. Que os homens continuarão tendo mil e uma namoradas fora do casamento enquanto as mulheres continuarem a aceitar ninharias por favores sexuais...
Depois do encontro foi impossível não conter as lágrimas por ver que essas mulheres que eu tanto aprendi a amar, estão com suas mentes e corações imersas em tristeza, traições, ciúmes, invejas, violências de todo o tipo, e o que é pior, numa inércia indescritível. Só pude orar e pedir a Deus que as sementes de esperança plantadas nessa manhã, possam um dia frutificar.
Assim, Deus tem me surpreendido a cada dia, seja nos dias alegres, seja nos tristes, pois em todo o momento Ele tem se revelado um Deus de amor no sentido de me usar e me capacitar para fazer o que gosto, o que amo e o que sinto paixão, e converter tudo isso pra louvor e glória do seu nome...
Tão diferentes, e tão iguais nas angústias, sonhos, anseios...
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